quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Garota da Vitrine

A Garota da Vitrine é uma comédia elegante que inclui algumas ótimas performances - incluindo a belíssima atuação de Claire Danes e o animado desempenho de Jason Schwartzman -, mas não consegue vender seu argumento. Adaptado por Steve Martin de um romance curto de sua própria autoria, de 2000, essa história passada em Los Angeles é repleta de momentos comoventes e outros mais divertidos e leves.

Mas, sob a direção de Anand Tucker (Hilary & Jackie), o filme não consegue encontrar um meio-campo em que esses estados de ânimo opostos se harmonizem. O clima mais soturno acaba vencendo a disputa.

Claire Danes é Mirabelle, uma jovem frágil que chega Los Angeles, vinda do Estado de Vermont, na esperança de começar vida nova como artista. Por enquanto, porém, ela passa seus dias trabalhando no setor de luvas da loja Saks Fifth Avenue em Beverly Hills e suas noites sozinha em seu apartamento escuro em Silver Lake.

O alívio para seu coração solitário acaba chegando sob a forma de dois homens muito diferentes. Primeiro, enquanto espera suas roupas secarem na lavanderia self-service, ela conhece Jeremy (Jason Schwartzman), um vendedor de amplificadores e candidato a músico maluco e desajeitado.

As coisas parecem ser mais promissoras com Ray Porter (Steve Martin), um rico executivo que aparece um dia no balcão de luvas de Mirabelle com a intenção de cortejá-la em grande estilo. Apesar de Ray avisá-la repetidas vezes que não está interessado em nada sério, Mirabelle põe muita fé no romance deles. Mas é apenas questão de tempo até Ray partir seu coração.

Existem alguns momentos que funcionam bem na história, mas o filme, que foi rodado há dois anos e, nesse período, passou por remodelações significativas, constantemente é arrastado para um clima persistente de mal-estar.

E é Jason Schwartzman quem rouba a cena, gerando momentos de muita energia, embora Claire Danes faça um ótimo trabalho. É bom também ver Steve Martin (que também atua, sem necessidade, como narrador) esforçar-se como não se via há muito tempo para fazer o papel de seu namorado emocionalmente distante.

Apesar da ambientação contemporânea, o designer de produção William Arnold confere à história um clima de época que remete aos anos 1950 e às obras do pintor Edward Hopper, enquanto o diretor de fotografia Peter Suschitzky contribui com composições visuais sofisticadas.