sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cordel do Fogo Encantado

Em 1997 um grupo teatral voltou a atenção para a cidade de Arcoverde. Nascia o espetáculo "Cordel do Fogo Encantado", basicamente de poesia, onde a música ocuparia um espaço de ligação entre essa poesia. Começou em um ambiente de teatro e as pessoas envolvidas eram relacionadas ao teatro. Na formação, José Paes de Lira, Clayton Barros e Emerson Calado. Por dois anos, o espetáculo, sucesso de público, percorreu o interior do estado.
Em Recife, o grupo ganhou mais duas adesões que iria modificar sua trajetória: os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida. No carnaval de 1999 o Cordel se apresenta no Festival Rec-Beat e o que era apenas uma peça teatral ganha contornos de um espetáculo musical. Ao lirismo das composições somou-se a força rítmica e melódica dos tambores de culto-africano e a música passou a ficar em primeiro plano. A estréia no carnaval pernambucano mais uma vez chamou a atenção de público e crítica e o que era, até então, sucesso regional, ultrapassou as fronteiras, ganhando visibilidade em outros estados e o status de revelação da música brasileira.

Na formação, o carisma e a poesia de José Paes de Lira, a força do violão regional de Clayton Barros, a referência rock de Emerson Calado e o peso da levada dos tambores de Rafa Almeida e Nego Henrique. O Cordel do Fogo Encantado passa a percorrer o país, conquistando a todos com suas apresentações únicas e antológicas.
As apresentações da banda surpreenderam a todos não somente pela força da mistura sonora ousada de instrumentos percussivos com a harmonia do violão raiz. À magia do grupo que narra a trajetória do fogo encantado, soma-se a presença cênica de seus integrante e os requintes de um projeto de iluminação e cenário.


Em 2001, com produção do mestre da percussão Nana Vasconcellos, o Cordel do Fogo Encantado se fecha em estúdio para gravar o primeiro álbum, que leva o nome da banda. A evolução artística amplia ainda mais o alcance do som do grupo que, mesmo atuando independente, ganha mais público e atenção da mídia, por onde passa.
Com turnê que passou pelos mais remotos cantos do país, um ano depois, em 2002, o grupo volta para o estúdio para gravar o segundo trabalho: "O Palhaço do Circo Sem Futuro", produzido por eles mesmos, de forma independente. Lançado no primeiro semestre de 2003, o trabalho foi considerado pela crítica especializada um dos mais inventivos trabalhos musicais produzidos nos últimos anos.
E o Cordel do Fogo Encantado ganha projeção internacional, com apresentações na Bélgica, Alemanha e França. Entre os prêmios conquistados pela banda estão o de banda revelação pela APCA (2001) e os de melhor grupo pelo BR-Rival (2002), Caras (2002), TIM (2003), Qualidade Brasil (2003) e o bi-campeonato do Prêmio Hangar (2002 e 2003).
No cinema, a banda participou da trilha sonora e do filme de Cacá Diegues, "Deus É Brasileiro". Nas brechas das turnês, Lira Paes marcou presença também na trilha sonora de "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, na qual interpreta a música "O Amor é Filme". Lirinha, como é conhecido pelos fãs, também atuou no filme Árido Movie, de 2006.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"W"


No longa-metragem "W", Bush é mostrado como um presidente incompetente e incapaz, que enfrenta problemas de alcoolismo e sentimentos de inferioridade.
Entretanto, Oliver Stone – que já se debruçou de forma combativa sobre a política americana em “JFK” e “Nixon” – surpreende ao retratar Bush como um sujeito simpático, galanteador e até mesmo ingênuo. No papel do presidente, Josh Brolin provoca até arrepios tão fiel é sua interpretação.
A trama foge à ordem cronológica e exibe flashbacks intercalados, ora mostrando as noites de loucuras de Bush na universidade, ora avançando para sua rotina na Casa Branca. Perturbado diante do sucesso de seu irmão Jeb, claramente o favorito do papai Bush, o jovem George passa a dedicar sua vida a bebedeiras, carros e mulheres, colecionando demissões e sermões da família, até sua redenção religiosa, aos 40. Já na Casa Branca, Bush aparece como um verdadeiro fantoche, manipulado principalmente pelo vice-presidente Dick Cheney (Richard Dreyfuss) e o vice-chefe da Casa Civil Kart Rove (Toby Jones). Numa das melhores sequências, Bush adverte Cheney: é o presidente quem deve brilhar. O ponto alto do filme fica por conta das cenas do presidente em seu gabinete, com Condoleeza Rice (Thandie Newton), Donald Rumsfeld (Scott Glenn), Colin Powell (Jeffrey Wright) e outros, discutindo o futuro dos Estados Unidos e do mundo como se fosse um jogo.
É nesse ambiente que Stone revela um provável diálogo que teria levado ao nascimento da Guerra do Iraque, evidenciando as contradições que sustentavam o discurso do então presidente. A semelhança entre os atores e os personagens reais torna a experiência ainda mais intensa.
Pela câmera astuta de Stone, “W.” une elementos do drama e da comédia. Mas desta vez o diretor deixou de lado seu típico discurso inflamado para adotar uma crítica mais sutil, mas nem por isso menos eficiente.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Os Garotos da Minha Vida


Bev (Drew Barrymore) é uma típica garota do interior dos EUA. Seu sonho é ir para a cidade grande e se tornar uma escritora de sucesso. No seu 15º aniversário, ela pede de presente ao pai nada menos que um simples sutiã, acessório que lhe garantiria popularidade junto aos meninos da escola. O pai se enfurece e nega terminantemente o pedido. Uma voz em off narra: “Por isso, há tantos psiquiatras no mundo”. Este estilo tragicômico de uma das primeiras cenas do filme já dá o tom que permeará toda a trama de Os Garotos da Minha Vida: irônico, ao mesmo tempo juvenil e adulto, ao mesmo tempo alegre e contundente. O presente negado desencadeará em Bev uma série de atitudes que a afastarão cada vez mais de seus sonhos.
Mas, mesmo assim, ela luta, tenta superar humilhações (a cena de seu casamento, por exemplo, é de uma crueldade sem par) e busca eternamente o objetivo que parece sempre querer lhe escapar por entre os dedos.A diretora Penny Marshall foi feliz e competente ao equilibrar o drama e a comédia em seu filme: é fácil passar do riso ao choro em poucos minutos. Um tempero agridoce que dá mais sabor à vida de Bev, na verdade, à vida real da escritora Beverly D´Onofrio, autora do livro que originou o filme. Os Garotos da Minha Vida torna-se ainda mais interessante quando se sabe que a história retratada na tela, por incrível que pareça, realmente aconteceu. E deve continuar acontecendo até hoje em diversas sociedades conservadoras e intolerantes.

Drew Barrymore interpreta um dos melhores papéis da sua carreira e demonstra total capacidade de viver a mesma personagem tanto aos 15 quanto aos 35 anos, alterando posturas, voz, mudando atitudes, gestos, e esbanjando talento. Caminhando na delicada linha que divide o trágico do cômico, Os Garotos da Minha Vida é repleto de conteúdo e sensibilidade. Um filme que comprova novamente que não há nada mais cômico que uma família. E não há nada mais trágico... que uma família. Infelizmente o público norte-americano não gostou do filme, que custou US$ 48 milhões e rendeu menos de US$ 30 milhões nas bilheterias daquele país. Duas curiosidades: os figurinos foram criados a partir de catálogos antigos das lojas Sears, um dos magazines preferidos da classe média baixa norte-americana dos anos 50 e 60. E um dos responsáveis pela trilha sonora do filme é o brasileiro Heitor Pereira, que já trabalhou com Caetano Veloso, Milton Nascimento e deixou o Brasil para atuar com o grupo Simply Red.