sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Apanhador no Campo de Centeio

O Apanhador narra um fim-de-semana na vida de Holden Caulfield, jovem de 17 anos vindo de uma família abastada de Nova York. Holden, estudante de um pomposo internato para rapazes, volta para casa mais cedo no inverno depois de ter levado bomba coletiva em quase todas as matérias.
Na volta para casa, ao se preparar para enfrentar o inevitável esporro da família, Holden vai refletindo sobre tudo o que (pouco) viveu, repassa sua peculiar visão de mundo e tenta enxergar alguma diretriz para seu futuro. Antes de se defrontar com os pais, procura algumas pessoas importantes para si (um professor, uma antiga namorada, sua irmãzinha) e tenta lhes explicar a confusão que passa por sua cabeça.
A grande magia de O Apanhador é justamente esta: ser uma história de e para adolescentes, e não meramente um livro "recomendado para leitores em idade escolar".
O livro marcou época por seu uso ousado de gírias, e expressões e referências "chulas" - que andavam na boca da rapaziada da época. Salinger colocou em Holden Caulfield, de forma realista e convincente, tudo o que se passa na cabeça de um rapaz de 17 anos: as preocupações com o futuro, a incerteza de todo o mundo que passa por esta fase, as garotas (claro!).
Tudo de uma maneira que nunca havia sido vista antes, com liberdade de estilo, inteligência e um raro sentimento de proximidade com o universo jovem.
O fato é que este singelo romance de 1951 virou lenda ao longo dos anos, e fez de seu autor, Jerome David Salinger, um dos maiores mistérios da história recente da literatura. A pequena revolução que O Apanhador causou no comportamento da juventude americana - e por tabela, no comportamento da juventude do mundo todo - ecooa até hoje, fazendo parte da cultura da segunda metade de nosso corrente século.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Filhos da Revolução



Filhos da Revolução é um filme de Krisztina Goda, um dos talentos mais proeminentes da nova geração de realizadores Húngaros.
A hitória acontece em Budapeste, 1956. Uma jovem estrela do pólo aquático, Karcsi, envolve-se na revolução anti-soviética que está a rebentar nas ruas.
No inicio ele apenas procura alguma aventura, mas uma estudante impetuosa, Viki, apanha o olhar de Karcsi e, seguindo os seus passos, ele dá por si no coração da rebelião.
Com a retirada do Exército Vermelho, a revolução parece ter sido um sucesso. Karcsi volta à equipa para jogar nos Jogos Olímpicos de Melbourne. Mas ele não faz a mínima ideia de que os soviéticos já se encontram em marcha em direcção à Hungria... Agora está nas mãos de Karcsi e dos seus colegas de equipa mostrarem ao mundo que o seu pequeno pais não sairá derrotado.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

O Castelo de Vidro


Este livro relata-nos uma comovente lição de vida. Jeannette Walls é hoje uma bela mulher, bem sucedida na sua carreira de jornalista. Mas há duas décadas que ela esconde um segredo: as suas raízes.Jeannette é filha de Rex e Rose Mary Walls que tiveram mais quatro filhos .
Rex e Rose eram dois idealistas que formavam, com os filhos, uma família excêntrica, disfuncional e que viveu sempre, por vontade dos pais, no limiar da pobreza. Optaram por viver como nômades, mudando constantemente de cidade em cidade.
Sem casa, iam vivendo em armazéns abandonados ou acampavam nas montanhas. Os filhos tiveram de sobreviver sozinhos. Eram eles que arranjavam a comida, limpavam o espaço onde viviam e eram ainda eles que tentavam convencer os pais a trabalhar.
Ao longo dos anos foram-se amparando uns aos outros, numa luta sem fim para conseguir sobreviver. Mais que tudo isso é um livro muito bem escrito, daqueles que não é possível parar de ler. É um história verídica, linda e comovente.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Once

Once é um filme que nos faz refletir sobre a intensidade da vida, e que possível ser feliz fazendo o que se gosta. Esse filme conta a história de um encontro perfeito entre um casal com muitas afinidades e como a música torna-se o ingrediente especial de toda essa combinação.
Glen Hansard, ator principal do filme, é mesmo músico e frontman da banda Irlandesa The Frames.
Markéta Irglová, a atriz coadjuvante é uma imigrante Tcheca,que vende revista e rosas na rua para sustentar a familia.
Os dois passam a se tornar mais que amigos o romance de fato não torna-se concreto, mais o amor e cumplicidade entre os dois chega a transparecer nos olhares.
O filme gira em torno das letras e melodias do músico, eles gravam um CD onde expressam todos os sentimentos que estão guardados em suas memórias. É um filme não convencional e que vale a pena ser visto, muitas e muitas vezes. A trilha sonora é perfeita, simplesmente inspiradora.


Curiosidades:

- Once foi filmado em apenas três semanas com US$ 70 mil – um orçamento baixo pra competir ao Oscar – mas nas palavras do próprio diretor John Carney, “foi um projeto entre amigos, com pouco dinheiro e muita alma”.

- Hansard começou a namorar realmente Markéta durante as filmagens.

- Os dois fizeram um projeto chamado The Swell Season e abriram shows pro Damien Rice.
Trilha sonora:

1.Falling Slowly
2.If You Want Me
3.Broken Hearted Hoover Fixer Sucker Guy
4.When Your Mind’s Made Up
5.Lies
6.Gold
7.Hill, The
8.Fallen From the Sky
9.Leave
10.Trying to Pull Myself Away
11.All the Way Down
12.Once
13.Say It to Me Now

Concluindo, este filme é intenso e honesto. As músicas vão fazer-vos querer ter a trilha sonora, e diga-se de passagem, vale bem a pena.
Vejam!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Verdadeira História de Lena Baker



A Verdadeira História de Lena Baker (Tichina Arnold) não é mais uma simples história do racismo americano, é a recostituição de uma das grandes injustiças cometidas contra a mulher.
Lena Baker vivia no estado da Georgia onde os negros foram explorados pelos brancos durante séculos. Essa exploração chegava a tocar no interior dessas pessoas que sempre submissas não conseguiam ir contra as ordens de qualquer branco.
Esse filme é retratado entre as décadas de 20 e 40, Lena era uma jovem de família humilde que acaba se envolvendo com prostituição em busca de uma forma de sair de sua realidade. A jovem passa um ano em uma prisão de serviços forçados e quando retorna é obrigada a trabalhar para um homem vil e manipulador. O Sr. Elliot Arthur (Peter Coyote), esse homem mantém Lena em constante estado de embriagues a faz refém por cerca de três anos. Cansada dos maus tratos a jovem tenta fugir e acaba assassinando o Sr Elliot.
Lena é presa e tem um julgamento que mais parece um teatro, é condenada a cadeira elétrica. Essa é uma história comovente, com ótimos atores Direção e Roteiro de Ralph Wilcox.

sábado, 22 de agosto de 2009

As Nove Rainhas

Um filme argentino maravilhoso e surpreendente. Cona a história de 2 trapaceiros que se encontram por acaso e resolvem se unir num negócio que renderia 450 milhões de dólares. Trata- se da venda de selos raros a falsos chamados de Nove Rainhas.
Um deles, Marcos, se acha o experiente. É trapaceiro por gosto e não se arrepende do que faz. Sempre se dá bem em seus negócios e costuma ficar com todo dinheiro, deixando seus parceiros sem nada. Ele se considera muito esperto.


O outro, Juan, é mais jovem e aparentemente mais inexperiente. Diz que não gosta dessa vida e que só faz isso para ajudar o pai, já que em todo trabalho honesto que se aventurou foi um total fracasso.Quando eles fecham negócio ocorrem vários imprevistos.
Desde a perda dos selos falsos que os força a comprar os verdadeiros de uma mulher até a irmã do Marcos tentar impedir o negócio.O final é surpreendente! São golpes atrás de golpes e até nós mesmos fomos enganados. Vale muito a pena.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Chiaroscuro - Pitty

A cantora Pitty lançou seu novo álbum, Chiaroscuro. A cantora não lançava um novo álbum de inéditas desde “Anacrônico” em 2005. O novo CD da cantora foi produzido em Los Angeles. Esse novo trabalho em influências do bolero, soul e rock, e contará com a participação do violinista Hique Gomez, do grupo Tangos e Tragédias.
O CD já conta nos primeiros dias de lançamento com a grande aceitação do público já na primeira música, o hit Me Adora, é uma das mais pedidas nas rádios e o clipe é sucesso no canal MTV. Pitty apostou na inovação e esse álbum tem de tudo para ser um dos grandes marcos de sua carreira.


Confira as faixas do Álbum Chiaroscuro.
1.8 ou 80
2.Me adora
3.Medo
4.Água contida
5.Só agora
6.Fracasso
7.Desconstruindo Amélia
8.Trapézio
9.Rato na roda
10.A Sombra
11.Todos estão mudos

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Menino do Pijama Listrado.


Esse não é apenas mais um filme sobre os horrores da segunda guerra mundial e o sofrimento a que os judeus foram submetidos. O diferencial em “O Menino do Pijama Listrado” é a gradativa perda da inocência de uma criança e o contraste da dura vida de um menino judeu, prisioneiro em um campo de concentração nazista.
Enquanto que Bruno, (Asa Butterfield) de oito anos filho de um oficial nazista, passa pela guerra com as ilusões e sonhos de crianças em meio as brincadeiras e leitura de livros sobre aventuras.
O pequeno Shmuel (Jack Scanlon), criança judia prisioneira, vive uma dura e triste realidade dos campos nazistas, onde todos até mesmo as crianças eram forçadas a trabalhar em serviços pesados, privadas de uma alimentação digna, submetidas a torturas físicas e psicológicas. Que viam seus entes queridos desaparecem nos campos de concentração, onde eram exterminados e depois incinerados.
Bruno e Shmuel passam a ser separados apenas por uma cerca de arame farpado que divide a mansão onde Bruno mora e o campo de concentração que Shmuel é torturado. Os dois tornam-se amigos e por inocência, comum as crianças tem seu destino selado em um final triste e comovente.
Esse longa consegue com uma historia e enredo simples tocar a mente dos que assistem e fazer reviver os horrores daquela que foi uma guerra cruel e insana, onde o preconceito e discriminação é mais bem preservado que a própria vida.
É um filme que vale a pena ver, e melhor do que ver, nos faz refletir sobre uma época de dores promovidos pela humanidade aos seus semelhantes. O cenário é belo e as interpretações fortes e marcantes, podendo ser destacada a atuação de Vera Ann Farmiga, mãe de Bruno, que enlouquece em meio as torturas da guerra, onde nem mesmo a bela mansão que vivia pode disfarçar a frieza e descaso com os judeus e os próprios alemães que discordavam das idéias de Hitler.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Amor Além da Vida

O Neurologista Chris ( Robin Williams) e a artista plástica Annie (Sciorra) vivem uma vida perfeita até perder seus 2 filhos em um acidente de carro. Annie entra em depressão e está quase se recuperando quando Chris também morre em outro acidente.
A partir deste ponto o filme se passa nos dois planos (material e espiritual), onde Chris encontra Albert (Gooding Jr) que o ajuda a se ambientar na espiritualidade e de onde acompanha o sofrimento de Annie e passa a se empenhar para ajudá-la. Contarão também com a estranha personagem do rastreador para encontra um tesouro valioso para Chris.

Este belo filme , sorrateiramente deixa nas entrelinhas uma reflexão sobre pequenas nuances do ser humano , como por exemplo:
  • o apego e não exatamente o amor ( pode alguém que ama matar a si mesmo?) ;
  • o sentimento de que devemos continuar a viver pois a vida continua (Chris não deixou de se envolver na Vida trabalhando como médico ou amando sua esposa , já que a vida não findou com o desencarne de seus filhos);
  • a falta de fé que se abateu sobre Annie seria o fruto de toda uma vida de despreparo e ignorância espiritual ( existe morte?) ou é conseqüente a uma dor insuportável pela perda de entes queridos ( apego x amor);
  • não existem respostas prontas diante da dor e sofrimento e cada um responde de acordo com o degrau em que se colocou encontrando o Paraíso ou Inferno mental que para si mesmo projetou ao longo do tempo;
.
  • Só o verdadeiro amor desinteressado e solidário cobre uma multidão de pecados.

    O filme mostra vários fundamentos da doutrina espírita, tais como a psicografia, a influencia dos espíritos sobre as pessoas encarnadas, as conseqüências do suicídio, o poder do pensamento, os diferentes planos espirituais etc. E um bom filme e possui uma fotografia belíssima.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Kundun

Por ter realizado este filme, Martin Scorsese passou a constar duma lista do governo chinês, de pessoas proibidas de entrar no Tibete. Isto porque o filme relata os primeiros 18 anos de vida do Dalai Lama, o líder espiritual do Budismo tibetano.
O período de 16 anos, aproximadamente, coberto pela narrativa do filme, começando pela descoberta dum menino de 2 anos que passa a ser considerado pelos dirigentes do Tibete como a XIV reencarnação do Dalai Lama, termina com o exílio do Dalai Lama na Índia, depois da brutal ocupação chinesa do Tibete.
Neste aspecto o filme consegue dar-nos conta do horror vivido pelo povo tibetano, às mãos do exército do povo, mas sem que sejamos confrontados com os actos de violência cometidos pelos ocupantes. Esses factos, não sendo de forma alguma omitidos, são-nos apresentados da mesma forma como o foram ao Dalai Lama, pois o filme segue, com uma fidelidade notável, os relatos que o próprio Dalai Lama fez desses acontecimentos.
Cinematograficamente falando, o filme é uma obra notável, com uma fotografia de altíssimo nível, com um cromatismo exuberante, próprio da actual fase do realizador. Há um cuidado minucioso na construção dos cenários, no guarda-roupa e na coerência narrativa. Tudo características que podemos apreciar nos filmes de Scorsese.

Estamos, portanto, perante um documento rigoroso e eloquente que nos permite contactar com um dos mais importantes problemas da história contemporânea, em que os direitos básicos dum povo são liminarmente postos em causa por uma potência ocupante, em nome duma ideologia política de todo alheia à cultura e à vida política desse povo.
A auto-determinação do Tibete e os desrespeito pelos direitos humanos neste território, é, em pleno século XXI, é talvez a maior prova da hipocrisia dos estados democráticos, pois o mundo diplomático cultiva um silêncio ensurdecedor em relação a este problema, para não prejudicar as relações com a China que, nos últimos tempos, tem emergido como uma grande potência militar e económica. Talvez isto permita explicar o relativo fracasso deste filme nas bilheteiras.

Este filme é, também, um documento muito elucidativo sobre os fundamentos do budismo. De forma natural, vão-nos sendo apresentados os princípios do Budimos tibetano, bem como as suas práticas, à medida que vamos seguindo a educação do Dalai Lama. Desta forma acabamos por compreender os fundamentos da nao-violência professada pelo Dalai Lama que lhe valeu a atribuição do Prémio Nobel da Paz, em 1989.
E, por fim, ficamos com uma visão profunda, emocionante e rigorosa, da cultura tibetana e da docilidade do povo que vê no Dalai Lama o Buda da Compaixão, que vem ao mundo para libertar todos os seres do sofrimento.

~ A Arte da Felicidade ~
Por Sua Santidade, o Dalai Lama

Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós buscamos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossa vida é a felicidade.Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso, você pode se comunicar mais facilmente com as outras pessoas. E esse sentimento de calor cria uma espécie de abertura. Você descobre que todos os seres humanos são exatamente iguais a você e se torna capaz de se relacionar mais facilmente com eles. Isso lhe confere um espírito de amizade. Então há menos necessidade de esconder as coisas e, conseqüentemente, sentimentos de medo, dúvida e insegurança se dispersam automaticamente.Na nossa vida diária, certamente aparecem problemas. Os maiores problemas em nossas vidas são aqueles que temos de enfrentar inevitavelmente, como a velhice, a doença e a morte. Tentar evitar nossos problemas ou simplesmente não pensar neles pode nos dar um alívio temporário, mas acho que há um modo melhor de lidar com eles. Se você enfrentar seu sofrimento diretamente, terá mais condições de avaliar a profundidade e a natureza do problema. Numa batalha, enquanto você ignorar as condições e a capacidade de combate do inimigo, estará completamente despreparado e paralisado pelo medo. No entanto, se você conhecer a capacidade de luta de seus adversários, os tipos de armas que eles têm e assim por diante, terá muito mais condições de entrar na guerra. Do mesmo modo, se você enfrentar seus problemas em vez de os evitar, terá mais condições de lidar com eles.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Após seis anos sem lançar um disco de inéditas, os Titãs voltam à cena em "Sacos plásticos". Aos 27 anos de carreira, Paulo Miklos, Branco Mello, Tony Bellotto, Charles Gavin e Sérgio Britto voltam aos primórdios do grupo e sentem frio na barriga ao pensar que estarão sozinhos no palco, após a morte de Marcelo Fromer (2001) e a saída de Nando Reis (2002) e Arnaldo Antunes (1992). Além disso, a exemplo do que a banda fazia nos anos 1980, o novo álbum é permeado por programação eletrônica.
Para ver mais informações da banda clique no link do site oficial:

http://www.titas.net/sacosplasticos/index.html

Faixas do Album "Sacos Plásticos" .

1. Amor por Dinheiro
2. Antes De Você
3. Sacos Plásticos
4. Porque eu sei que é amor
5. A estrada
6. Agora eu vou sonhar
7. Quanto tempo
8. Deixa eu sangrar
9. Problema
10. Não espere perfeição
11. Quem vai salvar você do mundo?
12. Múmias
13. Deixa eu entrar
14. Nem mais uma palavra



domingo, 28 de junho de 2009

A Nova Mulher e a Moral Sexual

Dois textos compõem esta obra. O primeiro (1918) apresenta uma crítica à situação da mulher na sociedade burguesa, comprimida por um código moral em que a propriedade privada era - e ainda é - prioridade, a ela tudo se sujeitando. O segundo (1921) trata da necessidade de uma reorientação no comportamento do homem e da mulher, partícipes da nova estrutura social que a revolução bolchevique engendrou... um amor-companheiro, com direitos e responsabilidades iguais, com respeito à individualidade, com apoio mútuo... Alexandra Kolontai nos mostra que as desigualdades entre os sexos e todas as formas de dependência da mulher em relação ao homem somente desaparecerão com o advento de uma nova sociedade e, conseqüentemente, de uma nova cultura.

" O novo tipo da mulher, que é interiormente livre e independente, corresponde, plenamente, à moral que elabora o meio operário no interesse de sua própria classe. A classe operária necessita, para a realização de sua missão social, de mulheres que não sejam escravas. Não quer mulheres sem personalidade, no matrimônio e no seio da família, nem mulheres que possuam as virtudes femininas - passividade e submissão. Necessita de companheiras com uma individualidade capaz de protestar contra toda servidão, que possam ser consideradas como um membro ativo, em pleno exercício de seus direitos, e, conseqüentemente, que sirvam à coletividade e à sua classe.A psicologia da mulher do novo tipo, da mulher independente e celibatária, reflete sobre a das demais mulheres que permanecem ainda na retaguarda em relação a seu tempo. Os traços característicos, formados na luta pela vida, das trabalhadoras convertem-se pouco a pouco, gradativamente, nas características das outras mulheres que ficaram atrasadas.
Pouco importa que as mulheres trabalhadoras sejam apenas minoria, que para cada mulher do novo tipo haja duas, talvez três mulheres pertencentes ao tipo antigo.
As mulheres trabalhadoras são as que dão tom à vida e determinam a figura de mulher que caracteriza uma época determinada.

As mulheres do novo tipo, ao criar os valores morais e sexuais, destroem os velhos princípios na alma das mulheres que ainda não se aventuraram a empreender a marcha pelo novo caminho. São estas mulheres do novo tipo que rompem com os dogmas que as escravizavam.A influência das mulheres trabalhadoras estende-se muito além dos limites de sua própria existência. As mulheres trabalhadoras contaminam com sua crítica a inteligência de suas contemporâneas, destroem os velhos ídolos e hasteiam o estandarte da insurreição para protestar contra as verdades que as submeteram durante gerações. As mulheres do novo tipo, celibatário e independente, ao se libertarem, libertam o espírito agrilhoado, durante séculos, de outras mulheres ainda submissas".
Alexandra Kolontai

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Medo da Verdade

A história começa no bairro de Dorchester, em Boston, onde as ruas povoadas por pessoas da classe operária abrigam famílias destruídas e sonhos despedaçados. É ali que Amanda McCready, de quarto anos desapareceu sem deixar vestígios. A polícia não foi capaz de encontrar nem mesmo uma única pista; então, os tios de Amanda, desesperados, contratam os detetives particulares locais, Patrick Kenzie e Angie Genarro, para ajudarem na condução do caso. Apesar de estarem um pouco hesitantes em aceitar a investigação, Patrick e Angie conhecem a vizinhança e acabam conhecendo também a verdade sobre Helene, a mãe viciada em drogas de Amanda

Ao se aprofundarem em sua história, eles se vêem em um caminho que os leva ao coração sombrio de Dorchester e através de traficantes, ex-presidiários e pedófilos, mas que não os aproxima de Amanda. Em meio aos holofotes da mídia, eles unem forças com o determinado detetive Remy Bressant e com o capitão de polícia Jack Doyle – entretanto, justo quando parece que o caso emocionalmente intrincado está para ser solucionado, ao disparar de uma arma, o triste destino de Amanda é revelado. Enquanto todos tentam seguir em frente com suas vidas, um assombrado Patrick não consegue esquecer. Conforme insiste através das pistas que tem, ele se vê preso em uma teia de mentiras cada vez mais intrincada, em meio à violência inexplicável e ao chocante segredo que esconde a verdade e que o leva a enfrentar um dilema moral que o deixará, e também o público, se questionando o que de fato é certo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Grey Gardens

Este documentário é um fruto do acaso. Os irmãos Maysles pretendiam rodar um filme sobre a irmã de Jacqueline Kennedy Onassis, quando conheceram a história da tia e da prima da ex-primeira dama. As duas, que já foram frequentadoras da alta sociedade nova-iorquina, moravam à época numa mansão caindo aos pedaços. Mãe e filha estavam falidas, isoladas e viviam de seu passado. Ou das cinzas dele. Esta história ganhou a catapulta de um escândalo: sem limpeza, o lugar começou a feder e incomodar os vizinhos. A prefeitura deu um ultimato para as duas: ou limpam ou saem. A imprensa fez festa e Jackie Kennedy ajudou a dar um tapa no lugar. É aí que entram os Maysles. Quando descobriram a história, desistiram do projeto anterior e embarcaram neste saborosíssimo mundo.
Os irmãos conquistaram a confiança de Big Edie e Little Edie e passaram dias e dias filmando o cotidiano das duas. "Big Edie" e "Little Edie" são interpretadas por Jessica Lange e Drew Barrymore. À mesma medida em que mostravam a decadência da família, acompanharam a degradação psíquica de mãe e filha. O documentário adota uma política pouco intervencionista em relação a seu objeto. A equipe tenta interferir ao máximo no dia-a-dia das duas e as informações sobre sua história, a não ser por uma breve sequência de recortes de jornais, saem das bocas perturbadas das retratadas. A opção tem duas consequências imediatas: por um lado, as entrevistadas ficam mais livres e tecem sua própria narrativa sobre os 50 anos em que viveram naquela casa e os desdobramentos de suas vidas. Por outro, falta informação.

Sem intermediadores - os Maysles falam com elas pouquíssimas vezes -, as Bouvier Beale costuram sua própria história por conta das memórias perturbadas. Contam o que querem contar e percebem claramente quando estão agradando, então, seu mundo paralelo entra em cena deixando completamente incertas as versões dos fatos. A ideia dos cineastas provavelmente era a de deixar este mundo vir à tona. Uma mãe e uma filha loucas, presas numa dimensão à parte, são certamente bem mais interessantes do que duas ricaças decadentes, mas a desordem causada pela falta de elementos mais palpáveis para basear a história incomoda. No final, o trabalho dos Maysles não tem nada de muito especial. Sua importância foi apenas a de nos revelar as personagens e deixar elas falarem por si.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Milagre em Sta. Anna

Quando poderia passar da conta no realismo e transformar Milagre em Sta. Anna em um filme de ação com o subtexto da guerra, Lee empurra o filme para a ironia e para um sentimento de humanismo. Ora somos tomados pelo suspense, outras pela dor. Ora nos indignamos com uma traição, em outros momentos nos emocionamos com a capacidade de abstração de um soldado. Isso porque a trama principal envolve os milicos negros, mas o roteiro de James McBride (que também é autor do livro que inspira o filme) traz outras subtramas. O mérito de transitar esses gêneros, tomando todo o cuidado em criar a ambientação necessária a nós, os espectadores, é de Lee. Tantas coisas acontecem em Milagre em Sta. Anna que se torna muito difícil nos desconectar nas mais de duas horas de projeção. Lee mostra que ainda tem muitos recursos artísticos e coloca um ponto de interrogação positivo sobre o que estará por vir na carreira do combativo, e controverso, cineasta.
Mesmo com 160 minutos de duração, há poucas cenas de combate no filme. Porém, tais sequências são bem vívidas, com a violência da guerra retratada em corpos mutilados.
As fortes imagens são apenas um dos recursos que Spike Lee usa para emocionar. Quem não for muito fã de exageros pode não gostar do filme. Por outro lado, quem se dispuser a mergulhar nos dramas exibidos, com certeza sairá da sala de projeção com o coração arrebatado.

A música composta por Terence Blanchard – que já tem uma parceria duradoura com o diretor – é outra ferramenta em busca de fortes emoções. Os nerds com certeza se lembrarão de um grande título sobre a Segunda Guerra Mundial: a franquia de jogos Medal of Honor.

A direção de fotografia de Matthew Libatique (Homem de Ferro) também merece elogios. A iluminação competente une-se aos enquadramentos bem planejados pelo diretor para criar imagens que parecem quadros lindos. Trata-se, porém, de uma beleza macabra, já que muitas vezes o sangue dos soldados serviu de tinta para essas gravuras.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cordel do Fogo Encantado

Em 1997 um grupo teatral voltou a atenção para a cidade de Arcoverde. Nascia o espetáculo "Cordel do Fogo Encantado", basicamente de poesia, onde a música ocuparia um espaço de ligação entre essa poesia. Começou em um ambiente de teatro e as pessoas envolvidas eram relacionadas ao teatro. Na formação, José Paes de Lira, Clayton Barros e Emerson Calado. Por dois anos, o espetáculo, sucesso de público, percorreu o interior do estado.
Em Recife, o grupo ganhou mais duas adesões que iria modificar sua trajetória: os percussionistas Nego Henrique e Rafa Almeida. No carnaval de 1999 o Cordel se apresenta no Festival Rec-Beat e o que era apenas uma peça teatral ganha contornos de um espetáculo musical. Ao lirismo das composições somou-se a força rítmica e melódica dos tambores de culto-africano e a música passou a ficar em primeiro plano. A estréia no carnaval pernambucano mais uma vez chamou a atenção de público e crítica e o que era, até então, sucesso regional, ultrapassou as fronteiras, ganhando visibilidade em outros estados e o status de revelação da música brasileira.

Na formação, o carisma e a poesia de José Paes de Lira, a força do violão regional de Clayton Barros, a referência rock de Emerson Calado e o peso da levada dos tambores de Rafa Almeida e Nego Henrique. O Cordel do Fogo Encantado passa a percorrer o país, conquistando a todos com suas apresentações únicas e antológicas.
As apresentações da banda surpreenderam a todos não somente pela força da mistura sonora ousada de instrumentos percussivos com a harmonia do violão raiz. À magia do grupo que narra a trajetória do fogo encantado, soma-se a presença cênica de seus integrante e os requintes de um projeto de iluminação e cenário.


Em 2001, com produção do mestre da percussão Nana Vasconcellos, o Cordel do Fogo Encantado se fecha em estúdio para gravar o primeiro álbum, que leva o nome da banda. A evolução artística amplia ainda mais o alcance do som do grupo que, mesmo atuando independente, ganha mais público e atenção da mídia, por onde passa.
Com turnê que passou pelos mais remotos cantos do país, um ano depois, em 2002, o grupo volta para o estúdio para gravar o segundo trabalho: "O Palhaço do Circo Sem Futuro", produzido por eles mesmos, de forma independente. Lançado no primeiro semestre de 2003, o trabalho foi considerado pela crítica especializada um dos mais inventivos trabalhos musicais produzidos nos últimos anos.
E o Cordel do Fogo Encantado ganha projeção internacional, com apresentações na Bélgica, Alemanha e França. Entre os prêmios conquistados pela banda estão o de banda revelação pela APCA (2001) e os de melhor grupo pelo BR-Rival (2002), Caras (2002), TIM (2003), Qualidade Brasil (2003) e o bi-campeonato do Prêmio Hangar (2002 e 2003).
No cinema, a banda participou da trilha sonora e do filme de Cacá Diegues, "Deus É Brasileiro". Nas brechas das turnês, Lira Paes marcou presença também na trilha sonora de "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes, na qual interpreta a música "O Amor é Filme". Lirinha, como é conhecido pelos fãs, também atuou no filme Árido Movie, de 2006.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

"W"


No longa-metragem "W", Bush é mostrado como um presidente incompetente e incapaz, que enfrenta problemas de alcoolismo e sentimentos de inferioridade.
Entretanto, Oliver Stone – que já se debruçou de forma combativa sobre a política americana em “JFK” e “Nixon” – surpreende ao retratar Bush como um sujeito simpático, galanteador e até mesmo ingênuo. No papel do presidente, Josh Brolin provoca até arrepios tão fiel é sua interpretação.
A trama foge à ordem cronológica e exibe flashbacks intercalados, ora mostrando as noites de loucuras de Bush na universidade, ora avançando para sua rotina na Casa Branca. Perturbado diante do sucesso de seu irmão Jeb, claramente o favorito do papai Bush, o jovem George passa a dedicar sua vida a bebedeiras, carros e mulheres, colecionando demissões e sermões da família, até sua redenção religiosa, aos 40. Já na Casa Branca, Bush aparece como um verdadeiro fantoche, manipulado principalmente pelo vice-presidente Dick Cheney (Richard Dreyfuss) e o vice-chefe da Casa Civil Kart Rove (Toby Jones). Numa das melhores sequências, Bush adverte Cheney: é o presidente quem deve brilhar. O ponto alto do filme fica por conta das cenas do presidente em seu gabinete, com Condoleeza Rice (Thandie Newton), Donald Rumsfeld (Scott Glenn), Colin Powell (Jeffrey Wright) e outros, discutindo o futuro dos Estados Unidos e do mundo como se fosse um jogo.
É nesse ambiente que Stone revela um provável diálogo que teria levado ao nascimento da Guerra do Iraque, evidenciando as contradições que sustentavam o discurso do então presidente. A semelhança entre os atores e os personagens reais torna a experiência ainda mais intensa.
Pela câmera astuta de Stone, “W.” une elementos do drama e da comédia. Mas desta vez o diretor deixou de lado seu típico discurso inflamado para adotar uma crítica mais sutil, mas nem por isso menos eficiente.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Os Garotos da Minha Vida


Bev (Drew Barrymore) é uma típica garota do interior dos EUA. Seu sonho é ir para a cidade grande e se tornar uma escritora de sucesso. No seu 15º aniversário, ela pede de presente ao pai nada menos que um simples sutiã, acessório que lhe garantiria popularidade junto aos meninos da escola. O pai se enfurece e nega terminantemente o pedido. Uma voz em off narra: “Por isso, há tantos psiquiatras no mundo”. Este estilo tragicômico de uma das primeiras cenas do filme já dá o tom que permeará toda a trama de Os Garotos da Minha Vida: irônico, ao mesmo tempo juvenil e adulto, ao mesmo tempo alegre e contundente. O presente negado desencadeará em Bev uma série de atitudes que a afastarão cada vez mais de seus sonhos.
Mas, mesmo assim, ela luta, tenta superar humilhações (a cena de seu casamento, por exemplo, é de uma crueldade sem par) e busca eternamente o objetivo que parece sempre querer lhe escapar por entre os dedos.A diretora Penny Marshall foi feliz e competente ao equilibrar o drama e a comédia em seu filme: é fácil passar do riso ao choro em poucos minutos. Um tempero agridoce que dá mais sabor à vida de Bev, na verdade, à vida real da escritora Beverly D´Onofrio, autora do livro que originou o filme. Os Garotos da Minha Vida torna-se ainda mais interessante quando se sabe que a história retratada na tela, por incrível que pareça, realmente aconteceu. E deve continuar acontecendo até hoje em diversas sociedades conservadoras e intolerantes.

Drew Barrymore interpreta um dos melhores papéis da sua carreira e demonstra total capacidade de viver a mesma personagem tanto aos 15 quanto aos 35 anos, alterando posturas, voz, mudando atitudes, gestos, e esbanjando talento. Caminhando na delicada linha que divide o trágico do cômico, Os Garotos da Minha Vida é repleto de conteúdo e sensibilidade. Um filme que comprova novamente que não há nada mais cômico que uma família. E não há nada mais trágico... que uma família. Infelizmente o público norte-americano não gostou do filme, que custou US$ 48 milhões e rendeu menos de US$ 30 milhões nas bilheterias daquele país. Duas curiosidades: os figurinos foram criados a partir de catálogos antigos das lojas Sears, um dos magazines preferidos da classe média baixa norte-americana dos anos 50 e 60. E um dos responsáveis pela trilha sonora do filme é o brasileiro Heitor Pereira, que já trabalhou com Caetano Veloso, Milton Nascimento e deixou o Brasil para atuar com o grupo Simply Red.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

KRULL


Em uma era não determinada, no longínquo planeta Krull, a paz do planeta será selada com o casamento das duas mais importantes famílias reais. O jovem príncipe Colwyn vai casar com a linda (lógico) princesa Liza. O problema é que uma entidade vinda do espaço chamada A Besta rouba a princesa em plena cerimônia de casamento e leva-a para sua espaçonave, a Fortaleza Negra, que a cada vinte e quatro horas muda de lugar.
Para salvá-la, Colwyn precisa encontrar uma arma mítica chamada Glaive e com a ajuda de um eclético bando que vai encontrando no caminho, penetrar na Fortaleza Negra e derrotar A Besta. Para isso, além de enfrentar os estranhos seres que formam o exército da Besta, terá que enfrentar os perigos do próprio planeta e ainda encontrar a escorregadia Fortaleza Negra.
É fácil reconhecer uma referência aos “Sete samurais”, de Kurosawa, mas “Krull” vai muito além disso. A mítica Glaive é uma clara referência à espada Excalibur do rei Artur, não faltando também adivinhos e feiticeiras para ajudar ou atrapalhar a busca de Colwyn.
Um dos grandes personagens do filme é Rell, o ciclope, o lendário gigante de um olho só, inimigo mortal da Besta. O contraponto humorístico é dado por um aprendiz de feiticeiro atrapalhado e arrogante que vive se metendo em confusões graças a suas mágicas erradas.
Algumas cenas do filme são memoráveis, como a cavalgada com os “cavalos de fogo”, capazes de viajar mil léguas num único dia! O interior da Fortaleza Negra é de um surrealismo tal, que não duvidaria se os cenários tivessem sido assinados por Salvador Dali em pessoa...
Embora com atuação impecável, o elenco é composto por nomes pouco conhecidos, salvo o irlandês Liam Neeson, ainda em começo de carreira. Imagine que é um dos amigos do príncipe que morre logo que entram na Fortaleza Negra. Ainda estavam longe os dias de sucesso com “Nell” e “A Lista de Schindler”...
“Krull” é uma bonita fábula destinada aos que ainda não perderam a alma de criança. É a vitória do amor, amizade e das virtudes sobre bestialização massificante a que somos submetidos, transformando-nos num exército de autômatos, vazios e sem almas. É bom ver um filme assim e sentir que ainda existe esperança para a humanidade. Assista com seu filho e curta bem este momento. Vai ver que valerá à pena.
Muita gente talvez não saiba, mas o gênero ficção-científica também engloba as histórias de fantasia. São aquelas histórias com magos, duendes, fadas, gnomos, feiticeiros e muitas, muitas lutas de espada. Nos states isso é chamado Sword & sorcerer, que seria mais ou menos “espada e feitiçaria”. O que separa os contos de fadas puros do que poderíamos juntar ao bolo da ficção científica vai depender de como é apresentado o conjunto da história. Lembram de “Star Wars”? Tem luta de espadas ( laser) e algum tipo de feitiçaria (o que é a tal “força” afinal?). Talvez um pouco mais pé-no-chão seja o filme “Krull”, de 1983.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Rota 66


Rota 66 - A Historia da Policia que Mata é uma obra do jornalista Caco Barcellos. O livro ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Reportagem em 1993.
O livro trata do assassinato de um grupo de jovens de classe média de São Paulo depois de um mal entendido, um pré julgamento errado e uma perseguição policial. A partir deste ponto o fato se torna o elo de ligação entre tantos outros assassinatos sem explicação realizados pela policia militar.
O livro mescla realidades. A do jornalista em busca dos fatos e as milhares de histórias de violência policial na grande São Paulo. Uma pequena história que desencadeia uma quantidade assustadora de casos semelhantes onde a policia atira antes de perguntar.
O livro / reportagem de Caco Barcellos, além de buscar transcrever a realidade, mostra também um pouco do dia a dia do repórter investigativo. Em sua busca pelos casos semelhantes ao do Rota 66, o repórter narra sua investigação em lugares pouco agradáveis para maioria das pessoas. Entre pilhas de jornais e documentos em um escritório até madrugadas inteiras dentro de uma espécie de almoxarifado de um necrotério. A narrativa também ressalta anotações e um árduo trabalho de pesquisa em jornais locais, documentos e entrevistas acompanhados dos comentários do jornalista.
O livro traz duas historias que atraem o leitor: a primeira o fato em si. A realidade que na maioria das vezes é camuflada pelos órgãos públicos. A policia, que muitas vezes, é corrupta e sanguinária. O uso inadequado do poder. A violência pela violência. Citando nomes e desmascarando a impunidade desses servidores da sociedade que servem apenas a si mesmo desconsiderando a vida alheia. Para o sistema pobre é indigente sem família. O olhar critico de uma sociedade regrada pela falta de bom senso e despreparo da pessoa pública da policia. Do outro lado o trabalho fascinante de um jornalista. A narrativa rápida envolve o leitor desde os primeiros parágrafos.

Castelo de Gelo


Este adorado sucesso adolescente do cinema, estrelado por Robby Benson e Lynn-Holly Johnson, está de volta em sua clássica combinação de amor triunfante e tragédia. Alexis "Lexie" Winston (Johnson) é uma bela adolescente que parece destinada à vitória na patinação artística nos Jogos Olímpicos. Encorajada por sua técnica Beulah (soberbamente interpretada por Colleen Dewhurst), Lexie esforça-se para ser a melhor. Seu pai (Tom Skerritt) tem seus receios, mas Lexie consegue ser classificada para as finais. Logo quando chega ao topo, Lexie sofre um horrível acidente. Com o amor e o apoio de seu namorado de infância, Nick Peterson (Benson), Lexie transforma seu infortúnio pessoal em uma vitória comovente. Abrilhantado pela trilha musical envolvente de Marvin Hamlisch e a canção tema de Melissa Manchester, "Through the Eyes of Love", CASTELOS DE GELO é um inspirado drama que fala fundo ao coração.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A Conquista da Honra

“A Conquista da Honra” o diretor de obras-primas como “Os Imperdoáveis” e “Menina de Ouro”, Clint Eastwood critica duramente a indústria da guerra norte-americana, atacando justamente a figura mais querida na terra do Tio Sam, a do herói de guerra. Apesar de desmitificar a noção de herói norte-americano, Eastwood, apresentando-se como um humanista convicto, trata seus personagens com muito carinho e respeito.É impossível falar de “A Conquista da Honra” sem mencionar “Cartas de Iwo Jima” que é ainda mais brilhante. Os dois filmes apresentam prismas diferentes de uma mesma batalha. Quando todos acreditavam que não faltava nada para o cinema mostrar sobre a Segunda Guerra Mundial, Eastwood prova, com dois filmes, que muita coisa aconteceu além das fronteiras de Hitler. Mas as cenas de ação não são o ponto forte do filme de Clint, ao contrário do de Steven. O que realmente importa são as conseqüências da batalha, para aqueles que lutaram e para aqueles que assistiam de longe.Poucas vezes na história da humanidade a frase “uma imagem vale mais do que mil palavras” foi tão bem enquadrada quanto na batalha de Iwo Jima. Durante a mesma, o fotógrafo Joe Rosenthal tirou uma foto de soldados americanos erguendo a bandeira em solo japonês. Este simples ato patriótico encantou a população dos Estados Unidos e foi usado pelo governo para arrecadar fundos para a guerra. Os soldados da foto foram levados de volta para os EUA. “Havia algo naquela fotografia. Ninguém sabe exatamente o que ela representa - talvez seja apenas uma foto de homens levantando um mastro; talvez seja assim que os seis homens da fotografia vejam a si mesmos. Mas, em 1945, aquilo representava um esforço de guerra. Como um contraponto a uma das mais sangrentas batalhas da guerra, a fotografia simbolizava o que estava em jogo, aquilo por que eles estavam lutando. E quando se descobre o que aconteceu com aqueles rapazes, como foram retirados dos campos de batalha, levados para casa, para fazer viagens promocionais, isso causa um jogo de emoções complexas.
Indicado ao Oscar de melhor som e melhor edição de som, “A Conquista da Honra” promete se sair melhor nas bilheterias de outros países. Com uma bela e minimalista trilha sonora composta por Clint, o filme foi rodado nos Estados Unidos, no Japão e na Islândia. Como o governo japonês não autorizou as filmagens das cenas de batalha na ilha de Iwo Jima, cujo solo é considerado sagrado, Eastwood foi obrigado a levar sua equipe para Islândia, onde aproveitaram as praias de areias negras para rodar as magníficas seqüências de ação.Sem perder a oportunidade de tratar outros temas importantes, como o preconceito, através do personagem com origem indígena, o filme mostra que aos 76 anos Eastewood está no melhor de sua forma.
Não deixe de ver “A Conquista da Honra” e “Cartas de Iwo Jima”. Os filmes funcionam individualmente, então se quiser ver só um vai gostar. Mas não faça isso, não perca a oportunidade única na história de Hollywood de se conferir duas perspectivas sobre a mesma batalha, mostrando inclusive pontos de vista diferentes sobre uma mesma cena.Ao contrário dos habituais filmes de guerra, aqui não existem mocinhos e bandidos. Não existem vencedores e perdedores. Existem homens que tiveram suas vidas abaladas pelos efeitos da guerra.



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cartas De Iwo Jima

Durante a Segunda Guerra Mundial, os exércitos americano e japonês se encontraram nas areias negras de Iwo Jima. Décadas depois, centenas de cartas são retiradas do solo árido da ilha. As cartas dão rosto e vozes aos homens que ali lutaram e morreram, e também ao extraordinário general que os comandou. O longa mostra o sacrifício, a coragem e a compaixão dos soldados japoneses na tentativa de defender sua pátria. Sobre o comando do general Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe, brilhante!), os japoneses defenderam sua terra por mais de 40 dias, tendo como adversário um exército muito maior e mais preparado.Originalmente cotado para se chamar “Red Sun, Black Sand”, o filme é uma perspectiva da batalha de Iwo Jima completamente diferente da apresentada em “A Conquista da Honra”. O longa mostra a batalha pelo ponto de vista dos soldados japoneses. Mas assim como “A conquista da Honra” não se importa em apresentar vencedores, “Cartas de Iwo Jima” também não apresenta derrotados. Apresenta apenas o sacrifício, a coragem e a compaixão dos soldados que ali morreram.Aos 77 anos, Clint diz que está muito velho para fazer concessões. Ele não quer apresentar mocinhos e vilões, como em qualquer filme de guerra comum, Eastwood quer algo mais, ele quer aprender, quer entender a vida daqueles soldados. Em “Letters from Iwo Jima” (no original), o cineasta busca humanizar os japoneses, não os demonizar. Na década de 50, com pouco mais de 20 anos, quando começava na TV, Clint Eastwood morava perto de um cinema que exibia produções japonesas em Los Angeles. Lá entrou em contato com os filmes de Akira Kurosawa , de quem ficou amigo alguns anos depois. “Cartas” não conta com referências às obras de Kurosawa, mas Clint destaca que conhecer o diretor lhe fez aprender muito sobre o cinema japonês e sobre o estilo de vida dos japoneses. Eastwood brinca que desde que conheceu Kurosawa, décadas atrás no Festival de Cannes, foi um longo caminho para ele (Clint) se tornar um diretor japonês com “Cartas de Iwo Jima”. Apesar da produção não ter conseguido de fato transformar Clint em um japonês, o filme foi adotado pelo Japão. O diretor contou com o apoio de vários políticos japoneses além de membros das famílias dos soldados que lutaram na ilha. O Japão tentou inclusive indicar o filme como seu representante para o Oscar na disputa por Melhor Filme Estrangeiro, mas como é uma produção exclusivamente americana isso não foi possível. Com regras diferentes das da Academia, o Globo de Ouro não só indicou o longa para referida a categoria, como o premiou. Foi uma das cenas mais inusitadas da 64ª edição do Globo de Ouro, ver Clint Eastwood e Steven Spielberg (provavelmente os dois maiores ícones do cinema americano na atualidade) subindo no palco para receber o prêmio de filme estrangeiro.“Cartas de Iwo Jima”, um filme que sozinho já seria grandioso.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Festa de Babete

A fim de escapar da sórdida repressão da Paris de 1871, Babette desembarca, em meio a uma tempestade, na costa selvagem da Dinamarca.Na pequena aldeia de Jutland, ela procura as irmãs Martina e Philippa, senhoras muito puritanas, filhas do pastor da região, e lhes apresenta uma carta de recomendação de Achille Papin, um cantor de ópera que, no passado, fora professor de canto de Philippa. Em sua carta, Papin lhes pede que acolham Babette em sua casa. Por sua vez, esta lhes pede para trabalhar como criada, tendo em troca apenas um quarto para morar. Depois de muito pensarem, principalmente pelo fato de Babette ser católica, elas terminam a aceitando. Em pouco tempo, Babette se integra à austera tradição protestante da comunidade.Quatorze anos depois, ela ganha 10.000 francos na loteria, o que vai lhe permitir voltar à sua pátria. Entretanto, o inesperado acontece. Babette resolve gastar todo seu dinheiro em um jantar tipicamente francês, a fim de comemorar dignamente o centenário de nascimento do falecido pastor, mesmo que para isso tenha que passar o resto de seus dias vivendo como criada das irmãs protestantes.Os doze convidados para o jantar, tendo sempre vivido em Jutland e sendo pessoas simples, não conheciam nada sobre a culinária francesa e, menos ainda, sobre os pratos sofisticados que eram servidos no Café Anglais, lugar onde Babette trabalhara como cozinheira.Assim, com a habilidade de fazer as pessoas sentirem prazer através do paladar, Babette faz com que o jantar se transforme num verdadeiro banquete que as duas irmãs e os habitantes da pequena aldeia jamais esquecerão