terça-feira, 5 de maio de 2009

Os Garotos da Minha Vida


Bev (Drew Barrymore) é uma típica garota do interior dos EUA. Seu sonho é ir para a cidade grande e se tornar uma escritora de sucesso. No seu 15º aniversário, ela pede de presente ao pai nada menos que um simples sutiã, acessório que lhe garantiria popularidade junto aos meninos da escola. O pai se enfurece e nega terminantemente o pedido. Uma voz em off narra: “Por isso, há tantos psiquiatras no mundo”. Este estilo tragicômico de uma das primeiras cenas do filme já dá o tom que permeará toda a trama de Os Garotos da Minha Vida: irônico, ao mesmo tempo juvenil e adulto, ao mesmo tempo alegre e contundente. O presente negado desencadeará em Bev uma série de atitudes que a afastarão cada vez mais de seus sonhos.
Mas, mesmo assim, ela luta, tenta superar humilhações (a cena de seu casamento, por exemplo, é de uma crueldade sem par) e busca eternamente o objetivo que parece sempre querer lhe escapar por entre os dedos.A diretora Penny Marshall foi feliz e competente ao equilibrar o drama e a comédia em seu filme: é fácil passar do riso ao choro em poucos minutos. Um tempero agridoce que dá mais sabor à vida de Bev, na verdade, à vida real da escritora Beverly D´Onofrio, autora do livro que originou o filme. Os Garotos da Minha Vida torna-se ainda mais interessante quando se sabe que a história retratada na tela, por incrível que pareça, realmente aconteceu. E deve continuar acontecendo até hoje em diversas sociedades conservadoras e intolerantes.

Drew Barrymore interpreta um dos melhores papéis da sua carreira e demonstra total capacidade de viver a mesma personagem tanto aos 15 quanto aos 35 anos, alterando posturas, voz, mudando atitudes, gestos, e esbanjando talento. Caminhando na delicada linha que divide o trágico do cômico, Os Garotos da Minha Vida é repleto de conteúdo e sensibilidade. Um filme que comprova novamente que não há nada mais cômico que uma família. E não há nada mais trágico... que uma família. Infelizmente o público norte-americano não gostou do filme, que custou US$ 48 milhões e rendeu menos de US$ 30 milhões nas bilheterias daquele país. Duas curiosidades: os figurinos foram criados a partir de catálogos antigos das lojas Sears, um dos magazines preferidos da classe média baixa norte-americana dos anos 50 e 60. E um dos responsáveis pela trilha sonora do filme é o brasileiro Heitor Pereira, que já trabalhou com Caetano Veloso, Milton Nascimento e deixou o Brasil para atuar com o grupo Simply Red.

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