sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cartas De Iwo Jima

Durante a Segunda Guerra Mundial, os exércitos americano e japonês se encontraram nas areias negras de Iwo Jima. Décadas depois, centenas de cartas são retiradas do solo árido da ilha. As cartas dão rosto e vozes aos homens que ali lutaram e morreram, e também ao extraordinário general que os comandou. O longa mostra o sacrifício, a coragem e a compaixão dos soldados japoneses na tentativa de defender sua pátria. Sobre o comando do general Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe, brilhante!), os japoneses defenderam sua terra por mais de 40 dias, tendo como adversário um exército muito maior e mais preparado.Originalmente cotado para se chamar “Red Sun, Black Sand”, o filme é uma perspectiva da batalha de Iwo Jima completamente diferente da apresentada em “A Conquista da Honra”. O longa mostra a batalha pelo ponto de vista dos soldados japoneses. Mas assim como “A conquista da Honra” não se importa em apresentar vencedores, “Cartas de Iwo Jima” também não apresenta derrotados. Apresenta apenas o sacrifício, a coragem e a compaixão dos soldados que ali morreram.Aos 77 anos, Clint diz que está muito velho para fazer concessões. Ele não quer apresentar mocinhos e vilões, como em qualquer filme de guerra comum, Eastwood quer algo mais, ele quer aprender, quer entender a vida daqueles soldados. Em “Letters from Iwo Jima” (no original), o cineasta busca humanizar os japoneses, não os demonizar. Na década de 50, com pouco mais de 20 anos, quando começava na TV, Clint Eastwood morava perto de um cinema que exibia produções japonesas em Los Angeles. Lá entrou em contato com os filmes de Akira Kurosawa , de quem ficou amigo alguns anos depois. “Cartas” não conta com referências às obras de Kurosawa, mas Clint destaca que conhecer o diretor lhe fez aprender muito sobre o cinema japonês e sobre o estilo de vida dos japoneses. Eastwood brinca que desde que conheceu Kurosawa, décadas atrás no Festival de Cannes, foi um longo caminho para ele (Clint) se tornar um diretor japonês com “Cartas de Iwo Jima”. Apesar da produção não ter conseguido de fato transformar Clint em um japonês, o filme foi adotado pelo Japão. O diretor contou com o apoio de vários políticos japoneses além de membros das famílias dos soldados que lutaram na ilha. O Japão tentou inclusive indicar o filme como seu representante para o Oscar na disputa por Melhor Filme Estrangeiro, mas como é uma produção exclusivamente americana isso não foi possível. Com regras diferentes das da Academia, o Globo de Ouro não só indicou o longa para referida a categoria, como o premiou. Foi uma das cenas mais inusitadas da 64ª edição do Globo de Ouro, ver Clint Eastwood e Steven Spielberg (provavelmente os dois maiores ícones do cinema americano na atualidade) subindo no palco para receber o prêmio de filme estrangeiro.“Cartas de Iwo Jima”, um filme que sozinho já seria grandioso.

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